Mesmo antes de seu nascimento, a vida de Florbela Espanca já
estava marcada pelo inesperado, pelo dramático, pelo incomum.
Seu pai, João Maria Espanca era casado com Maria Toscano.
Como a mesma não pôde dar filhos ao marido, João Maria se valeu de uma antiga
regra medieval, que diz que quando de um casamento não houver filhos, o marido
tem o direito de ter os mesmos com outra mulher de sua escolha. Assim, no dia 8
de Dezembro de 1894 nasce Flor Bela Lobo, filha de Antónia da Conceição Lobo.
João Maria ainda teve mais um filho com Antónia, Apeles. Mais tarde, Antónia
abandona João Maria e os filhos passam a conviver com o pai e sua esposa, que
os adoptam.
Florbela entra para o curso primário em 1899, passando a
assinar Flor d’Alma da Conceição Espanca. O pai de Florbela foi em 1900 um dos
introdutores do cinematógrafo em Portugal. A mesma paixão pela fotografia o
levará a abrir um estúdio em Évora, despertando na filha a mesma paixão e
tomando-a como modelo favorita, razão pela qual a iconografia de Florbela, principalmente
feita pelo pai, é bastante extensa.
Em 1903, aos sete anos, faz seu primeiro poema, A Vida e a
Morte. Desde o início é muito clara sua precocidade e preferência a temas mais
escusos e melancólicos.
Em 1908 Antônia Conceição, mãe de Florbela, falece. Florbela
então ingressa no Liceu de Évora, onde permanece até 1912, fazendo com que a
família se desloque para essa cidade. Foi uma das primeiras mulheres a
ingressar no curso secundário, fato que não era visto com bons olhos pela
sociedade e pelos professores do Liceu. No ano seguinte casa-se no dia de seus
19 anos com Alberto Moutinho, colega de estudos.
O casal mora em Redondo até 1915, quando regressa à Évora
devido a dificuldades financeiras. Eles passam a morar na casa de João Maria
Espanca. Sob o olhar complacente de Florbela ele convive abertamente com uma
empregada, divorciando-se da esposa em 1921 para casar-se com Henriqueta de
Almeida, a então empregada.
Voltando a Redondo em 1916, Florbela reúne uma selecção de
sua produção poética de 1915 e inaugura o projecto Trocando Olhares, colectânea de 88 poemas e três contos. O caderno que deu origem ao projecto encontra-se na
Biblioteca Nacional de Lisboa, contendo uma profusão de poemas, rabiscos e
anotações que seriam mais tarde ponto de partida para duas antologias, onde os
poemas já devidamente esclarecidos e emendados comporão o Livro de Mágoas e o
Livro de Soror Saudade.
Regressando a Évora em 1917 a poetisa completa o 11º ano do
Curso Complementar de Letras, e logo após ingressa na Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa. Após um aborto involuntário, se muda para Quelfes, onde
apresenta os primeiros sinais sérios de neurose. Seu casamento se desfaz pouco
depois.
Em Junho de 1919 sai o Livro de Mágoas, que apesar da
poetisa não ser tão famosa faz bastante sucesso, esgotando-se rapidamente. No
mesmo ano passa a viver com Antônio Guimarães, casando-se com ele em 1921. Logo
depois Florbela passa a trabalhar em um novo projecto que a princípio se
chamaria Livro do Nosso Amor ou Claustro de Quimeras. Por fim, torna-se o Livro
de Soror Saudade, publicado em Janeiro de 1923.
Após mais um aborto separa-se pela segunda vez, o que faz
com que sua família deixe de falar com ela. Essa situação a abalou muito. O
ex-marido abriu mais tarde em Lisboa uma agência, “Recortes”, que enviava para
os respectivos autores qualquer nota ou artigo sobre ele. O espólio pessoal de
Antônio Guimarães reúne o mais abundante material que foi publicado sobre
Florbela, desde 1945 até 1981, ano do falecimento do ex-marido. Ao todo são 133
recortes.
Em 1925 Florbela casa-se com Mário Lage no civil e no
religioso e passa a morar com ele, inicialmente em Esmoriz e depois na casa dos
pais de Lage em Matosinhos, no Porto.
Passa a colaborar no D. Nuno em Vila Viçosa, no ano de 1927,
com os poemas que comporão o Charneca em Flor. Em carta ao diretor do D. Nuno
fala da conclusão de Charneca em Flor, e fala também da preparação de um livro
de contos, provavelmente O Dominó Preto.
No mesmo ano Apeles, irmão de Florbela, falece em um trágico
acidente, fato esse que abalou demais a poetisa. Ela aferra-se à produção de As
Máscaras do Destino, dedicando ao irmão. Mas então Florbela nunca mais será a
mesma, sua doença se agrava bastante após o ocorrido.
Começa a escrever seu Diário de Último Ano em 1930. Passa a
colaborar nas revistas Portugal Feminino e Civilização, trava também
conhecimento com Guido Batelli, que se oferece para publicar Charneca em Flor.
Florbela então revê em Matosinhos as provas do livro, depois de tentar o suicídio,
período em que a neurose se agrava e é diagnosticado um edema pulmonar.
Em dois de Dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do
Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem palavras
novas.” Às duas horas do dia 8 de dezembro – no dia do seu aniversário Florbela
D’Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois frascos de
Veronal. Algumas décadas depois seus restos mortais são transportados para Vila
Viçosa, “… a terra alentejana a que entranhadamente quero”.
FONTES:
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/projtelecolab/tintalusa/numerodois/tl3.html
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António Nobre nasceu na cidade do Porto a 16 de Agosto de
1867, numa família abastada. Passou a sua infância em Trás-os-Montes e na Póvoa
de Varzim. Em 1888 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de
Coimbra, mas não se inseriu na vida estudantil coimbrã, reprovando por duas
vezes. Optou então por partir, em 1890, para Paris onde frequentou a Escola
Livre de Ciências Políticas (École Libre des Sciences Politiques, de Émile
Boutmy), licenciando-se em Ciências Políticas no ano de 1895. Durante a sua
permanência em França familiarizou-se com as novas tendências da poesia do seu
tempo, aderindo ao simbolismo. Foi também em Paris que contactou com Eça de
Queirós, na altura cônsul de Portugal naquela cidade, e escreveu a maior parte
dos poemas que viriam a constituir a colectânea Só, que publicaria naquela
cidade em 1892.
O livro de poesia Só, que seria a sua única obra publicada
em vida, constitui um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX. Esta obra
seria, ainda em sua vida, reeditada em Lisboa, com variantes, lançando
definitivamente o poeta no meio cultural português. Aparecida num período em
que o simbolismo era a corrente dominante na poesia portuguesa coeva, Só
diferencia-se dos cânones dominantes desta corrente, o que poderá explicar as
críticas pouco lisonjeiras com que a obra foi inicialmente recebida em
Portugal. Apesar desse acolhimento, a obra de António Nobre teve como mérito,
juntamente com Cesário Verde, Guerra Junqueiro, Antero de Quental, entre
outros, de influenciar decisivamente o modernismo português e tornar a escrita
simbolista mais coloquial e leve.
No seu regresso a Portugal decidiu enveredar pela carreira
diplomática, tendo participado, sem sucesso, num concurso para cônsul.
Entretanto adoece com tuberculose pulmonar, doença que o obriga a ocupar o
resto dos seus dias em viagens entre sanatórios na Suíça, na Madeira, passando
por New York, pelos arredores de Lisboa e pela casa da família no Seixo,
procurando em vão na mudança de clima o remédio para o seu mal.
Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a
18 de Março de 1900, com apenas 32 anos de idade, em casa de seu irmão Augusto
Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto. Deixou inédita a
maioria da sua obra poética. Apesar da morte prematura, e de só ter publicado
em vida uma obra, a colectânea Só, António Nobre influenciou os grandes nomes
do modernismo português, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, deixando
uma marca indelével na literatura lusófon.
António Nobre, passou muitos dias à beira mar, nas praias de
Leça da Palmeira.
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Passos Manuel
Hoje deu-me a preguiça…
Por isso deixo-vos aqui o link, que vos vai ajudar a
entender quem foi Passos Manuel.
Apenas vou levanto o véu, e digo-vos que nasceu em Guifões,
no anos de 1805…
Grande e bela Florbela que está no lindo e grandioso Alentejo
ResponderEliminarEla até pode estar no alentejo. Aliás ele é de lá mesmo. Mas viveu aqui (Matosinhos)e aqui escreveu uma parte da sua maravilhosa obra!
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